Refletir sobre o futuro do Rio Grande, uma das regiões mais promissoras do País, capaz de puxar novamente o futuro do Estado, é um saboroso exercício.
Do que se está acompanhando com atenção, São José do Norte pode ser a escolhida para receber um terminal de regaseificação de gás natural liquefeito, em uma parceria da, Hyundai, Sansung e Petrobras. O local poderá ser onde seria instalado o Estaleiro EBR. A Global Toyo, do Japão, seria a parceira responsável pelo projeto de viabilidade. O Polo Naval do Rio Grande já segue seu caminho inexorável, um desenvolvimento implacável, em função da avantajada localização geográfica. Aliás, tudo sempre ocorreu devido a essa localização. A fixação da fronteira sul do Brasil começou em Rio Grande em função do acidente natural chamado Canal do Rio Grande, no século 17, depois veio o ciclo das charqueadas, no século 18, e o ciclo industrial, do início do século 20 até meados do mesmo. Agora chega à região do Porto do Rio Grande o ciclo decorrente do petróleo e gás.
Justamente os produtos vitais para a explosão econômica mundial nesse século 21, originada principalmente pelos mercados emergentes gigantes da China e Índia. Das notícias veiculadas, a Hyundai, Sansung e Petrobras assinaram, no início de fevereiro desse ano, a intenção para viabilizar a implantação de um terminal de regaseificação no Rio Grande do Sul, com investimentos que podem atingir R$ 5 bilhões, o que deve triplicar o volume de gás disponível no Estado. Atualmente, há no país dois terminais de regaseificação, no Rio de Janeiro e no Ceará, sendo que um terceiro está em construção na Bahia. No estado do Rio Grande do Sul, o terminal teria parte da produção utilizada na geração de eletricidade e consumo industrial.
Os estudos de viabilidade de implantação do terminal de regaseificação durarão seis meses. E como se é de esperar, o local do terminal não foi escolhido ainda. Na assinatura do contrato de intenções, a até então diretora Maria das Graças Foster, hoje, presidenta da Petrobras, disse uma frase enigmática: "Trabalhando com o Rio Grande do Sul, Samsung e Hyundai tenho certeza que teremos um excelente resultado. É um trabalho cooperativo para um projeto estruturante". Sim, estruturante do quê? Porém, antes do anúncio da intenção de construção do terminal, a empresa Global Toyo, do Japão foi apresentada pelo Estaleiro EBR como investidora no estaleiro a ser construído em São José do Norte. Acontece que a Toyo não é investidora e não constrói estaleiros, assim como a EBR nunca construiu navios. Porém, a EBR possui um filé na mão, a licença prévia da Fepan, obtida em dezembro do ano passado, da melhor área portuária disponível do Porto do Canal do Rio Grande.
A Global Toyo é uma empresa de consultoria na área de projetos de instalações industriais de gás, petróleo e petroquímica, parceira da Petrobras e Hyundai em diversos projetos. Ora, com esses elementos que as mídias no trazem, reflete-se que o local indicado para a instalação do terminal de regaseificação de gás natural poderá ser mesmo em São José do Norte, onde seria o Estaleiro EBR. E mais prazerosamente podemos ir além, imaginando que a Petrobras com acesso a um porto no Sul esteja “estruturando” o seu futuro para após a perfuração de prospecção de petróleo e gás na Bacia Pelotas, em alto-mar, prevista para esse ano, ao custo de 80 milhões de dólares, que poderá culminar com o anúncio de descoberta e produção viável desses produtos.
A Bacia Pelotas estende-se do Uruguai até Santa Catarina, e a primeira perfuração de exploração da Petrobras será entre Tavares e São José do Norte, até uma profundidade de 7 mil metros. Todavia, a Petrobras tem prazo para concluir a exploração, sob pena de perder a respectiva concessão comprada. A parte preocupante é que o prazo está acabando e não se tem, sequer, notícias do licenciamento ambiental aprovado.
Fonte: Jornal Agora (Rui Juliano - Engenheiro civil)
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