A próxima segunda-feira (8) será o dia D para a sobrevivência dos projetos das plataformas P-75 e P-77 no Brasil. O prefeito da cidade de Rio Grande,Alexandre Lindenmeyer (foto), terá uma reunião com o novo diretor de Engenharia da Petrobrás, Roberto Moro.Lindenmeyer também tem feito gestões junto ao governo federal, para que a política de conteúdo nacional seja respeitada.
Por enquanto, quem está vencendo a batalha é o gerente executivo da engenharia da Petrobrás, Marco Túlio Pereira Machado, o grande defensor de não se respeitar a política de Estado de conteúdo local (motivo do apelido de Ling-Ling, que recebeu nos sindicatos de trabalhadores). Tulio defende mandar para a China os projetos das plataformas e a montagem dos módulos de outros FPSOs. O Ministério de Minas e Energia tem negligenciado o cumprimento da determinação da própria presidente Dilma Rousseff, mas, por promessa da própria diretora-geral da ANP, Magda Chambriard, e do Coordenador de Conteúdo Local, Marco Túlio Rodrigues, não haverá qualquer possibilidade de flexibilização no respeito às leis do conteúdo nacional. Quem descumpri-las, será multado. Pelo jeito, nem de longe isso assusta os dirigentes da Petrobrás.
Mais uma vez a raiz do problema é a diferença que acontece entre o projeto básico e o projeto definitivo, um problema repetido às dezenas e, pelo visto, longe de acabar. Há meses o consórcio QGI vem alertando a Petrobrás sobre a necessidade de se fazerem alguns ajustes e aditivos para que o projeto seja economicamente viável. Há centenas de equipamentos já entregues por dezenas de empresas fornecedoras que nada têm a ver com o processo e que estão sendo penalizadas pela falta de entendimento entre a Estatal e o consórcio.
Em casa de enforcado não se deve falar em corda. Talvez por isso, depois dos escândalos descobertos pela Operação Lava Jato, liderados por políticos e ex-dirigentes da estatal, a palavra ‘aditivo’ tenha se transformado em demônio, mesmo quando justo. Ninguém quer mais a responsabilidade de assumir um pleito feito por empresas e assinar a autorização para pagamentos. Por isso, o consórcio não recebeu. Seus fornecedores muito menos.
Já existe um movimento entre as dezenas de empresas fornecedoras que não receberam em se organizarem e passarem a fazer algum tipo de entendimento diretamente com a Petrobrás. No pátio do Estaleiro da QGI, há centenas de caixas com equipamentos empilhados. Em algumas fábricas, há encomendas que foram feitas e que ainda não foram entregues. Prejuízo certo. O Petronotícias teve uma informação de que vários empresários prejudicados já estão se comunicando e em breve marcarão uma reunião entre eles para avaliarem que tipo de providência pode ser tomada em conjunto.
O Petronotícias foi ouvir o prefeito Alexandre Lindenmeyer, da cidade de Rio Grande, que desembarca no Rio de Janeiro na próxima segunda-feira (8) para a reunião com o DiretorRoberto Moro:
“Nós estamos acompanhando este processo há muito tempo. Desde que houve a divergência na execução dos dois projetos. Para a cidade, é bastante relevante que se consiga a retomada e que se ache um denominador comum entre o consórcio e a Petrobrás. Os 100% de economia que vão ser feitos mandando o projeto para exterior não voltam, não produzem nada aqui. Já os 80% de economia que seriam feitos aqui, ficariam aqui. Isso acende a economia. Criam-se empregos. Ganha-se em eficiência, em treinamento de mão de obra, em competitividade. Ganha-se acreditando na qualificação da indústria brasileira.”
O prefeito considera que se a Petrobrás decidir produzir as duas plataformas no exterior ainda pode gerar atrasos:
“Certamente, se as plataformas forem realmente para a China, isso vai significar quase dois anos de atraso. Terá que ser relicitada. Precisa haver este entendimento. Um trabalho desta ordem implica em 4.500 empregos diretos e indiretos. É o que nós perdemos. Além de disso, três grandes empresas que iriam investir R$ 40 milhões para se instalarem aqui, desistiram. Eram empresas de spools, ar condicionado e galvanização. Seriam criados mais mil empregos e isso daria mais eficiência ainda para o estaleiro. Uma decisão sensata é deixar o projeto aqui.”
Para Lindenmeyer, a decisão de se tirar o projeto de Rio Grande terá outras implicações:
“Qual a segurança que uma empresa brasileira terá na nossa indústria naval? A Ecovix, por exemplo, tem um pleito para receber de R$ 63 milhões da Petrobrás e não recebe. O impacto para a nossa cidade é imenso. Nós não somos virtuais. Os estaleiros estão aqui. Existem. Com certeza causará um efeito dominó. Tem muita coisa contratada e entregue, e muita coisa contratada em produção. O que essas empresas vão fazer? A desistência, a ruptura do contrato é danosa. Há um cenário de grave preocupação. Temos um polo petroquímico e educacional e o próprio porto, por onde saem 95% das exportações do nosso Estado, mas essa ruptura contratual é muito grave. Vamos ver se na segunda-feira conseguiremos ter uma palavra melhor. Uma esperança.”
Fonte: PETRONOTICIAS
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