domingo, 5 de setembro de 2010

Mudanças de hábitos para dormir melhor

Médico Flávio Alóe / Foto: Alessandro Mendes RIO - A qualidade do sono vem caindo nos últimos 40 anos e, para piorar, as pessoas estão dormindo menos do que deveriam. Segundo pesquisa britânica, a redução do tempo de sono de sete para cinco horas dobra o risco de infarto e derrame, e ainda aumenta a chance de sofrer de diabetes. E pouco resolve tentar recuperar as horas de cama perdidas na semana, compensando com o sono extra no sábado ou domingo, alerta o neurologista Flávio Alóe, neurofisiologista clínico do Laboratório do Sono do Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas da Universidade de São Paulo, que participou do XXIV Congresso Brasileiro de Neurologia, no Riocentro. Nessa entrevista, ele fala dos principais distúrbios do sono e como se livrar deles.
EM DÍVIDA COM A CAMA: "Estamos dormindo menos e pior. Somar horas de descanso depois de dias dormindo mal pouco adianta. O nosso organismo foi programado para dormir pelo menos sete horas por noite. E não tem como mudar isso. Somos seres diurnos e estimulados pela luz. As pessoas estão estudando e trabalhando abaixo do nível mínimo necessário para vigília e isso traz sérios prejuízos à saúde. A privação de sono leva à obesidade, ao diabetes, à depressão, à ansiedade, ao abuso de álcool e cafeína. E dormir de dia é seguir na contramão do nosso relógio biológico. Estudos mostram que populações que dormem menos de sete horas por noite apresentam taxas mais altas de mortalidade, de doenças cardiovasculares, de câncer e de acidentes. Não há uma regra de quantas horas alguém consegue ficar acordado (o último registro no Guinness é de 264 horas, ou 11 dias). Esta é uma característica individual. Há quem suporte 48 horas, outros bem menos. Se você tolera pouco tempo sem dormir, terá esta característica pelo resto da vida. E não é verdade que quanto mais dormimos mais sentimos necessidade de dormir. Assim como o bocejo não é sinal de que estamos com sono. Pelo contrário, é um reflexo para combater a preguiça, a desatenção".
CONTROLE DO ESTRESSE: "O estresse piora a qualidade do sono. Há quem afirme que só precisa de quatro horas para se sentir bem. Está se enganando. Em algum momento terá déficit de atenção e outros problemas. Dormir demais também pode ter relação com doença. Nosso sono não aumenta ou diminui do nada".
SONO FRAGMENTADO: "A apneia do sono, a síndrome que causa interrupções da respiração no sono, é algo grave, sendo importante fator de risco para acidentes e doenças cardiovasculares, incluindo hipertensão, infarto, derrame, obstrução arterial periférica. O distúrbio pode ser observado ainda na infância ou na adolescência, e o excesso de peso é uma causa. As crianças sofrem de apneia da mesma forma que o adulto, só que não ficam tão sonolentas. Elas se mostram desatentas, irritadas, agem de forma impulsiva e desajeitada. Ronco, engasgo dormindo, muito suor, xixi na cama são sinais de alerta. Os pais devem observar ainda se o filho dorme de boca aberta. Fora controlar o peso, é preciso investigar se há aumento da amígdalas, e a formação da face. Um queixo pequeno e o desenvolvimento insuficiente da mandíbula favorecem à apneia. Isso pode ser corrigido com tratamento odontológico, com expansores e aparelhos bucais, por exemplo. Quanto mais cedo tratar, melhor. Às vezes basta olhar o avô para saber se o neto terá o mesmo distúrbio".
Estamos dormindo menos e pior. Somar horas de descanso depois de dias dormindo mal pouco adianta. O nosso organismo foi programado para dormir pelo menos sete horas por noite
QUEIXA DE RONCO: "Todos que têm apneia roncam. Nem todos que roncam sofrem de apneia, mas é só questão de tempo. Dependendo da gravidade, da intensidade da sonolência, do grau de hipertensão, da associação com diabetes, obesidade e derrame, é preciso usar as máscaras nasais, do tipo CPAP (sigla em inglês de pressão positiva contínua nas vias aérea), que aumentam o fluxo de ar. Para os casos graves, existe ainda a cirurgia, porém está obsoleta, poucos respondem e há risco de ficar com a voz nasalada. Cerca de 40% dos hipertensos sofrem de apneia sem saber. Em 30% desses, quando se trata a apneia há redução da pressão. O problema é que muitos cardiologistas não perguntam ao seus pacientes sobre a qualidade do sono".
CASOS LEVES: "Os casos leves de apneia às vezes são resolvidos com próteses e aparelhos bucais feitos por dentistas com orientação médica. Com a prótese, o ar passa melhor pela garganta. É o médico quem acompanha e qualquer ato fora desse contexto é pratica ilegal da medicina".
NA HORA CERTA: "Deve-se dormir pelo menos sete horas; não ficar trocando de horário para adormecer, cortar o abuso de álcool e café. Evite praticar atividade física poucas horas antes de ir para cama, porque esse hábito funciona como um estimulante, inibindo o sono. Comer tarde da noite e rapidamente também atrapalha o sono".
MEDICAMENTOS PARA DORMIR: "Eles trazem benefícios quando corretamente indicados, como nos casos de indivíduos que têm dificuldade para adormecer por causa de dores, ansiedade e depressão. Eles jamais devem ser consumidos sem a supervisão médica, especialmente os benzodiazepínicos, que causam dependência, tolerância, alteração de memória e equilíbrio quando em doses erradas por mais de oito semanas".
PERNAS INQUIETAS: "A síndrome das pernas inquietas é outra alteração neurológica que dificulta o início do sono e e atinge 1% a 2% da população. A pessoa sente desconforto nas pernas que só passa quando as movimenta. O paciente passa por dois, três médicos sem diagnóstico porque o distúrbio é pouco conhecido. É comum receber laudo de reumatismo, obstrução vascular periférica; alguns indivíduos são medicados como histéricos, ansiosos e depressivas. O tratamento é com a droga para controlar o mal de Parkinson, só que em doses extremamente baixas. Uma boa parcela precisará tomar o remédio pelo resto da vida".
SONOLÊNCIA EXCESSIVA: "A sonolência excessiva, ou ataques de sono ou cochilos é uma doença neurológica chamada narcolepsia, que prejudica a atenção, os estudos, o trabalho e a vida social. Ela atinge um em cada 250 mil e costuma ser observada já na adolescência. O jovem é visto como preguiçoso, desinteressado, dorminhoco. Com o tratamento à base de estimulantes terá uma vida normal".
Fonte: O Globo - Saúde.

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