
EM DÍVIDA COM A CAMA: "Estamos dormindo menos e pior. Somar horas de descanso depois de dias dormindo mal pouco adianta. O nosso organismo foi programado para dormir pelo menos sete horas por noite. E não tem como mudar isso. Somos seres diurnos e estimulados pela luz. As pessoas estão estudando e trabalhando abaixo do nível mínimo necessário para vigília e isso traz sérios prejuízos à saúde. A privação de sono leva à obesidade, ao diabetes, à depressão, à ansiedade, ao abuso de álcool e cafeína. E dormir de dia é seguir na contramão do nosso relógio biológico. Estudos mostram que populações que dormem menos de sete horas por noite apresentam taxas mais altas de mortalidade, de doenças cardiovasculares, de câncer e de acidentes. Não há uma regra de quantas horas alguém consegue ficar acordado (o último registro no Guinness é de 264 horas, ou 11 dias). Esta é uma característica individual. Há quem suporte 48 horas, outros bem menos. Se você tolera pouco tempo sem dormir, terá esta característica pelo resto da vida. E não é verdade que quanto mais dormimos mais sentimos necessidade de dormir. Assim como o bocejo não é sinal de que estamos com sono. Pelo contrário, é um reflexo para combater a preguiça, a desatenção".
CONTROLE DO ESTRESSE: "O estresse piora a qualidade do sono. Há quem afirme que só precisa de quatro horas para se sentir bem. Está se enganando. Em algum momento terá déficit de atenção e outros problemas. Dormir demais também pode ter relação com doença. Nosso sono não aumenta ou diminui do nada".
SONO FRAGMENTADO: "A apneia do sono, a síndrome que causa interrupções da respiração no sono, é algo grave, sendo importante fator de risco para acidentes e doenças cardiovasculares, incluindo hipertensão, infarto, derrame, obstrução arterial periférica. O distúrbio pode ser observado ainda na infância ou na adolescência, e o excesso de peso é uma causa. As crianças sofrem de apneia da mesma forma que o adulto, só que não ficam tão sonolentas. Elas se mostram desatentas, irritadas, agem de forma impulsiva e desajeitada. Ronco, engasgo dormindo, muito suor, xixi na cama são sinais de alerta. Os pais devem observar ainda se o filho dorme de boca aberta. Fora controlar o peso, é preciso investigar se há aumento da amígdalas, e a formação da face. Um queixo pequeno e o desenvolvimento insuficiente da mandíbula favorecem à apneia. Isso pode ser corrigido com tratamento odontológico, com expansores e aparelhos bucais, por exemplo. Quanto mais cedo tratar, melhor. Às vezes basta olhar o avô para saber se o neto terá o mesmo distúrbio".
Estamos dormindo menos e pior. Somar horas de descanso depois de dias dormindo mal pouco adianta. O nosso organismo foi programado para dormir pelo menos sete horas por noite
QUEIXA DE RONCO: "Todos que têm apneia roncam. Nem todos que roncam sofrem de apneia, mas é só questão de tempo. Dependendo da gravidade, da intensidade da sonolência, do grau de hipertensão, da associação com diabetes, obesidade e derrame, é preciso usar as máscaras nasais, do tipo CPAP (sigla em inglês de pressão positiva contínua nas vias aérea), que aumentam o fluxo de ar. Para os casos graves, existe ainda a cirurgia, porém está obsoleta, poucos respondem e há risco de ficar com a voz nasalada. Cerca de 40% dos hipertensos sofrem de apneia sem saber. Em 30% desses, quando se trata a apneia há redução da pressão. O problema é que muitos cardiologistas não perguntam ao seus pacientes sobre a qualidade do sono".
CASOS LEVES: "Os casos leves de apneia às vezes são resolvidos com próteses e aparelhos bucais feitos por dentistas com orientação médica. Com a prótese, o ar passa melhor pela garganta. É o médico quem acompanha e qualquer ato fora desse contexto é pratica ilegal da medicina".
NA HORA CERTA: "Deve-se dormir pelo menos sete horas; não ficar trocando de horário para adormecer, cortar o abuso de álcool e café. Evite praticar atividade física poucas horas antes de ir para cama, porque esse hábito funciona como um estimulante, inibindo o sono. Comer tarde da noite e rapidamente também atrapalha o sono".
MEDICAMENTOS PARA DORMIR: "Eles trazem benefícios quando corretamente indicados, como nos casos de indivíduos que têm dificuldade para adormecer por causa de dores, ansiedade e depressão. Eles jamais devem ser consumidos sem a supervisão médica, especialmente os benzodiazepínicos, que causam dependência, tolerância, alteração de memória e equilíbrio quando em doses erradas por mais de oito semanas".
PERNAS INQUIETAS: "A síndrome das pernas inquietas é outra alteração neurológica que dificulta o início do sono e e atinge 1% a 2% da população. A pessoa sente desconforto nas pernas que só passa quando as movimenta. O paciente passa por dois, três médicos sem diagnóstico porque o distúrbio é pouco conhecido. É comum receber laudo de reumatismo, obstrução vascular periférica; alguns indivíduos são medicados como histéricos, ansiosos e depressivas. O tratamento é com a droga para controlar o mal de Parkinson, só que em doses extremamente baixas. Uma boa parcela precisará tomar o remédio pelo resto da vida".
SONOLÊNCIA EXCESSIVA: "A sonolência excessiva, ou ataques de sono ou cochilos é uma doença neurológica chamada narcolepsia, que prejudica a atenção, os estudos, o trabalho e a vida social. Ela atinge um em cada 250 mil e costuma ser observada já na adolescência. O jovem é visto como preguiçoso, desinteressado, dorminhoco. Com o tratamento à base de estimulantes terá uma vida normal".
Fonte: O Globo - Saúde.
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