quinta-feira, 30 de junho de 2011

A camisinha mental

O sujeito devolveu o refrigerante, pois não tinha pedido Diet.

O amigo gentil ficou com o dele e resolveu o caso. Pode trazer outro? E a garçonete: Diet?

Se o cara não tivesse de camisinha seria um estrago...

Creio que está em fase de testes. Talvez seja lançada mês que vem no programa do Serginho.

É um conceito recente, wireless e não precisa de lubrificante.

As pessoas que já conhecem vêm dando depoimentos incríveis:

"quando uso, nada me aborrece, fico flutuando numa lagoa azul..."

Pois é, a camisinha mental deve ser tecida pelo próprio usuário, é mais ou menos como se fosse uma teia de aranha invisível de tão fina...

Mas, como tudo que é inovação, já nasce com polêmica - vai contra a liberdade de imprensa? Só pode ser vendida em farmácia?

O fato é que resolve dilemas e abobrinhas que vão da baixa auto-estima ao trato com chatos vernaculares - bota a camisinha!

De repente temos algo para reagir à contaminação mental que é a condição mais freqüente dos nossos dias - a mãe de todas as doenças:

Catástrofes, desastres, novas bactérias, mortes, sequestros...
·... a menina de dois anos deu tiro de revólver na progenitora...
dietas e astrologia de quinta categoria, rancores que a TV quer que você sinta...

E o que dizer dessas meninas coitadas que se apaixonam por alguma boneca loura e padronizada e passam a vida comprando alisante de cabelo?

Nada disso precisaria acontecer se estivessem com a santa camisinha

Tudo indica que o Dalai Lama usa e recomenda políticas públicas de não contaminação mental...

Por falar nisso, prevê-se um pico de vendas durante as campanhas eleitorais por que ninguém aguenta mais lidar ouvir tanta baboseira justamente na hora de construir esperança em outro futuro...

E tem mais: a camisinha é programada para não funcionar em pessoas cínicas e desabusadas

Há casos de sujeitos que atenderam quatro ligações de telemarketing seguidas, na hora do almoço, e nem tchum...

Nas reuniões de condomínio vem transformando a convivência em arte condominial, quem antes mordia e descabelava agora de mãos dadas no salão de festas...

"ao ouvir o pagode 'rala, rala na catraca' pensei que era um poema de Drummond, e quando ouvi o bolero de Ravel pensei que era a bateria da Mangueira..."

Parece que é multicultural também...

Tal qual sua antecessora, aquela de borracha, é pra usar na cabeça, e pode romper sim, tudo depende da qualidade do processo...

É melhor ir tecendo aos poucos, desde a infância.

Já existem planos concretos para lançar o Bolsa-Camisinha.

E esses fios invisíveis dependem daquilo que foi sendo digerido ao longo da vida...

E só assim seremos um país sem descamisados...

 

Fonte: Paulo Costa Lima é compositor. Bacharel e Mestre (University of Illinois), Doutor (USP e UFBA). Professor de Composição e Análise - UFBA. Pesquisador-CNPq. Membro da Academia de Letras da Bahia. Apresentações de sua obra musical (em 2010) incluíram festivais no Brasil, China, Suécia, Estados Unidos e França. Outras informações: www.paulocostalima.wordpress.com


Opiniões expressas aqui são de exclusiva responsabilidade do autor e não necessariamente estão de acordo com os parâmetros editoriais de Terra Magazine.

Leia esta notícia no original em:
Terra - Brasil
http://terramagazine.terra.com.br

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