segunda-feira, 19 de outubro de 2009

Para onde vamos quando morremos?


"Cada vez que respiramos, afastamos a morte que nos ameaça. (...) No final, ela vence, pois desde o nascimento esse é o nosso destino e ela brinca um pouco com sua presa antes de comê-la. Mas continuamos vivendo com grande interesse e inquietação pelo maior tempo possível, da mesma forma que sopramos uma bolha de sabão até ficar bem grande, embora tenhamos absoluta certeza de que vai estourar". (Arthur Schopenhauer-1788-1860) 

Em portaria do mês de junho, o Ministério da Saúde determina que todo óbito ocorrido no hospital é um potencial doador e como tal deve ser tratado. Portanto, a colaboração de todos profissionais é indispensável para que se diminua as listas de espera por transplantes, principalmente de córneas, que além de ter uma retirada relativamente fácil, pois a córnea pode ser removida até seis horas após o óbito, temos toda estrutura disponível em nosso Banco de Olhos. 

Podemos nos perguntar, por que se envolver com isso? Se já temos tantos compromissos, certamente encontraremos milhares de razões para não participar, mas existe muito mais além de uma simples resposta. A grande pergunta acho que deve ser um pouco mais complexa: e se acontecesse conosco? Se fosse com meu filho, neto, pai, mãe, enfim, qualquer pessoa da qual dependemos para ser feliz, acho que teríamos milhares de razões para achar que os outros também deveriam nos ajudar; isto nos dá um poder e uma grande responsabilidade simultaneamente. 

Quando nossa bolha de sabão vai estourar, não sabemos. Sabemos que devemos continuar soprando e aproveitando a sua beleza, e se nos envolvermos em prolongar a bolha dos outros, que também precisam de alguém e fazem outro feliz, certamente estaremos embelezando a nossa bolha, enquanto durar... 

Não sabemos para onde vamos quando morremos, nem queremos pensar nisso, mas se estivermos em uma lista de espera para transplante, seguramente este será nossos dias, horas e segundos. Será que alguém pode prolongar isto indefinidamente? Ou teremos urgência em retornar a nossa rotina? 

Um famoso pensador tentou responder a pergunta do título dizendo que “vamos para o mesmo lugar de onde vêm as crianças quando nascem”. Podemos concordar, mas enquanto não confirmarmos, vamos tirar prazer da nossa profissão pretensiosa, mas que nos ajuda a sobreviver às nossas inquietações com menos Prozac, pra não dizer que não falei das flores.
Afrânio Alberto Tavares Krüger
Membro da CIHDOTT - Comissão Intra-Hospitalar de Doação de Órgãos
e Tecidos para Transplantes do Hospital Escola UFPel/FAU

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